A Cruz Azul: Armas de Henrique de Borgonha, Conde portucalense do Reino da Gallaecia Henrique de Borgonha (1066-1112) foi o governador dos condados de Portucale e Coimbra, que eram os territórios máis meridionais do Reino da Gallaecia por volta do século XII. O Conde Henrique foi um excelente militar e expandiu o domínio do condado até passar ao sul do rio Mondego. Ademais das suas campanhas militares contra os muçulmans da Estremadura lusitana, participou também nas Cruçadas a Terra Santa entre 1103-1105. As armas heráldicas de Henrique de Borgonha eram “de prata cruz firmada de blau”, um campo branco cumha cruz azul. Quando o seu filho Afonso Henriques convertiu o Condado Portucalense em Reino no ano 1143, com o consentimento do seu curmam galego o Imperador Afonso Raimundes, esta cruz azul converteu-se na primeira bandeira do novo reino. Quatro décadas antes desta cruz azul converterse na bandeira dum reino galaico meridional com capital em Guimarães, um exército do Reino da Gallaecia participara na Primeira Cruçada , levando umha cruz sobre as suas roupas. Essa cruz dos cruçados galaicos, era esta mesma cruz azul. | |
A origem da Cruz Azul: um identificativo das tropas galaicas nas Cruçadas As Cruçadas forom umha série de campanhas militares promovidas pola Igrexa Cristiã nos séculos XI-XIII para conquerir aos muçulmans os territórios da Terra Santa. A Primeira Cruçada foi lançada no ano 1095 polo Papa Urbano II e rematou com a conquista de Jerusalem no ano 1099. Dous anos mais tarde, em 1101, o Papa Pascual II chamou umha nova Cruçada para enviar reforzos militares ao recentemente estabelecido Reino cristiã de Jerusalem. Um dos participantes na Cruçada do 1101 foi o famoso historiador germano e abade do mosteiro de Aura, o benedictino Ekkehardus Uraugiensis. A sua célebre obra “Chronicon Universale” é a principal fonte da histária germana entre os anos 1080-1125, e é também umha das principais fontes históricas que detalham o desenvolvimento da Primeira Cruçada, na que ele mesmo participou e foi testemunha. Começando o seu relatório dos feitos da Primeira Cruçada, Ekkehardus Uraugiensis afirma que “...centum millia virorum ex Aquitania scilicet atque Normannia, Anglia, Scotia et Hibernia, Britannia, Galicia, Wasconia, Gallia, Flandria, Lotharingia, caeterisque gentibus christianis, quaram nunc minime occurrunt vocabula…”, que em galego traduz-ese por “…uns cem mil homens forom chamados ao serviço imediato de Deus dende Aquitânia e Normandía, Inglaterra, Escocia, Irlanda, Bretanha, Galiza, Gasconha, França, Flandres, Lorena, e também outros povos cristians, cujos nomes já nom lembro. Com razóm era um exército de cruçados, ja que todos levavam o símbolo da cruz nas suas roupas”. Da descripçom de Ekkehardus Uraugiensis tiramos duas conclusons imediatas: 1) A Primeira Cruçada foi principalmente umha Cruçada de naçons Atlânticas, e o Reino da Gallaecia aparece citado entre os principais reinos participantes. 2) “Os cruçados levavam o símbolo da cruz nas suas roupas”. Igual que nos exércitos modernos todos os soldados dum país vistem o mesmo uniforme, nos exércitos cruçados os diferentes contingentes nacionais identificábam-se pola cor das suas cruzes. Ao existir mais naçons que cores, inevitavelmente vários países coincidiam no uso dumha mesma cor -por exemplo bretons e germanos levavam os dous a mesma cruz negra- polo que no ano 1188 o Papa terminou por ter que regular o uso da cor das cruzes entre as diferentes naçons cruçadas. Sabemos que é o próprio Conde Henrique participou nas Cruçadas a Terra Santa entre os anos 1103-1105, imediatamente depois daquela outra expediçom galaica da Primeira Cruçada que mencionou o cronista Ekkehardus Uraugiensis. Sabemos também que à súa volta de Terra Santa o Conde Henrique utilizou como armas heráldicas “de prata cruz firmada de blau”, umha cruz azul sobre campo branco. Esta cruz azul foi utilizada antes que o Conde Henrique como a cor identificativa daqueles cruçados galaicos que participaron na Primeira Cruçada, ao igual que outros reinos europeus utilizavam outras cores. O Conde Henrique participou nas Cruçadas baixo a mesma cruz azul dos cruçados galaicos de 1095-1101, já que o Conde Henrique era ele também um nobre dum território do Reino da Gallaecia. Quando o Conde Henrique voltou das Cruçadas no ano 1105, atopou-se esperando na casa o mesmo trabalho que vinha de fazer no extrangeiro, já que a metade sul do Reino de Gallaecia estava em vizinha linha de batalha com os territórios musulmans lusitanos.O Conde Henrique seguiu a luitar no Mondego com a mesma cruz azul com a que luitara contra os seus inimigos muçulmans em Africa, dando continuidade histórica no Condado Portucalense a umha cruz azul utilizada primeiramente polas tropas galaicas nas Cruçadas a Terra Santa. E como bem sabemos nós, esse território chamado Mondego, antigamente Lusitano, foi repovoado com gentes da Gallaecia. |
Algo mais: se vemos que a maioria das estirpes e nobreza no Alentejo, Lisboa etc. (e referindo-me a pessoas naturais do centro-sul e sul na altura) na baixa Idade Média e Renascimento eram sobrenomes de origem Portucalense (e mesmo no povo) como vemos nos registos, genealogias, paróquias, Armadas da India etc., Crónicas da Idade Média(Fernão Lopes), Renascimento (Barros, Resende, Correia, Castanheda etc.), mesmo estirpes excepcionais que vieram povoar Portugal vindas da Galiza(a Galiza, território actualmente de Espanha) como os Sotomaior, Andrade(em parte galega), Garcia, Castro, não ficaram a norte, especialmente os Garcia e Andrades, naturais de norte a sul e os Castro, no século XIV e XV praticamente só a centro-sul e do sul: mais em Lisboa, centro-sul e Alentejo. No século XVI os Castro(estirpe Portuguesa-galega antigas como sabemos) já tinham no século XVI várias gerações em Sintra.
ResponderEliminarPedro Sousa