Podem as ideias ser crime? E a edição de livros?
A resposta às duas questões que servem de título a este artigo parece ser uma evidente negativa. Numa Europa onde nunca como hoje se propagou aos quatro ventos a Democracia como valor fundacional muitos poderão não estar a entender, sequer, o âmbito desta crónica. Haverá lá porventura quem seja incomodado por tais factos? Porém, a realidade parece teimar no contrário, e no estado espanhol, mais concretamente na nação catalana reerguem-se Torquemadas, reintroduz-se o “Index Librorvm Prohibithorvm” e desde o passado dia 12 de Dezembro que o editor e livreiro (proprietário da “Libreria Europa”), Pedro Varela, se encontra detido na prisão de Lledoners, para o cumprimento efectivo de penas que se vão acumulando desde 1996, os crimes: edição de livros e divulgação de ideias genocídas…
Para além das inúmeras iníquas perseguições ao longo dos anos, em Janeiro de 1999, no decurso de uma manifestação controlada pela polícia de Barcelona a Livraria Europa foi atacada, destruída e os seus livros atirados à rua e queimados numa pira. Estávamos em 1999 e não em 10 de Maio de 1933 e, não obstante os gritos de “O Fascismo cura-se lendo” ninguém classificou esta queima de livros como bárbara. Parece que neste caso a depuração pelo fogo não só era desejável, como certa!
Parece de facto que ninguém na Europa, pois a tendência de um pensamento único e, supostamente, correcto é cada vez mais de âmbito continental (senão mundial), quer assumir que tal conduz à criação de novos grandes inquisidores que o « Index » extinto pelo Papa Paulo VI foi recriado com novos objectivos – mas com os mesmos métodos de elencar livros proibidos – que como nos tempos de antanho há texto malditos, incómodos, que as mentes sensíveis não podem nem devem ler.
O processo de Pedro Varela parece demonstrar que neste « admirável » mundo novo se espera que cada um seja um censor, em particular os editores e livreiros que seguindo a manada entendam que há coisas que não se podem e não se devem publicar. Que todos cordatamente sigamos um mesmo – e só esse – trilho. Estranha liberdade esta…
Nestes tempos de crescente ditadura, travestida de liberdade, todos somos Pedro e, por irónica analogia, importa lembrar o pastor Niemöller e o seu poema “E Não Sobrou Ninguém” porque qualquer dia quando nos vierem buscar não há ninguém que possa protestar.
Como se diz no sítio pró-Libertação de Pedro Varela (Libertad Pedro Varela): Caem os nossos muros, mas não os nossos corações. Um abraço de solidariedade Pedro !
Infelizmente é crime pensar e ler livros, com as nossas ideias, porque esquerdistas isso já se pode ler e pensar, vivemos numa democracia hipócrita e cinica.
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